A Azul Linhas Aéreas Brasileiras está “se inclinando a” usar os slots que ganhará no principal aeroporto doméstico de São Paulo para fortalecer sua presença em cidades menores que as outras companhias aéreas não atendem, disse Neeleman em entrevista.
Ao fazer isso a empresa se evitará a rota Rio-São Paulo, mais popular, que é dominada pelas rivais TAM e GOL Linhas Aéreas Inteligentes.
Até agora, a operadora startup tinha ficado de fora da oferta de voos que chegam e saem nos dias de semana do aeroporto de Congonhas, em São Paulo.
Já amanhã, o governo definirá novos horários de decolagem e aterrissagem, e Neeleman estima que a Azul receberá de 14 a 16 slots por dia, tornando-se a maior vencedora.
Com mais de 280 voos diários – a maioria operada pela GOL e pela TAM – a viagem de 45 minutos entre São Paulo e Rio de Janeiro já é a rota mais atendida do mundo.
“Você entraria num duelo de pistolas com um estilingue? E se você só tem 12 ou 14 decolagens, ou 16, não importa, isso simplesmente não é suficiente”, disse Neeleman, 54, em entrevista na sede da companhia aérea, em Barueri, São Paulo.
“E eu acho que só vai ficar mais saturado”.
Sobreposição
Atualmente, a Azul tem apenas um slot horário por semana em Congonhas, no sábado à tarde, e a empresa a utiliza para voar para o Rio de Janeiro.
A empresa precisaria ter frequência suficiente na rota para ameaçar o domínio da GOL e da TAM, disse Savanthi Syth, analista da Raymond James Financial em São Petersburgo, Flórida.
Ela tem uma recomendação de desempenho de mercado nos recibos de depósito americanos da GOL.
“Haverá um pouco mais de sobreposição aqui no mercado doméstico”, disse Syth em entrevista telefônica.
A Agência Nacional de Aviação Civil, Anac, que regula as companhias aéreas, está modificando o modo em que os slots em Congonhas são distribuídos com base na fatia de mercado das empresas, assim como em cancelamentos e atrasos.
Isso significa que a Azul e a unidade local da Avianca Holdings ganharam slots quando o plano for implementado completamente, disse o ministro da Aviação Civil, Wellington Moreira Franco, em entrevista neste mês, em Brasília.
A Anac deve anunciar já amanhã os novos slots que serão divididos entre a Azul e a Avianca. Numa segunda etapa, programada para março, os slots existentes serão redistribuídos com base na fatia de mercado doméstica, incluindo a regional.
“Tanto a TAM quanto a Gol provavelmente perderão slots, mas TAM perderá mais”, disse Franco. A TAM SA é controlada pela Latam Airlines Group SA, com sede em Santiago.
O CEO da Avianca Brasil, José Efromovich, disse numa coletiva de imprensa no dia 10 de julho que basear os slots na fatia de mercado irá impossibilitar a concorrência, ao invés de estimulá-la, porque esse sistema vai assegurar que os maiores agentes continuem a oferecer a maioria dos voos. A Avianca tem 9,1 por cento do mercado.
Operadora de cidade pequena
A Azul, com seis anos de existência, impulsionou sua fatia de mercado, segundo a medição da receita por quilômetro, para 18 por cento ao se posicionar como a operadora dominante de cidades pequenas.
Ela é a única operadora, ou a dominante, em quase três quartos dos lugares que atende, incluindo Tabatinga, uma cidade isolada da selva amazônica.
Os slots em Congonhas podem ajudá-la a fortalecer sua presença em mercados de médio porte, como Cuiabá e Curitiba, antes de um outro plano de aeroportos regionais que, segundo o Ministro da Aviação Civil, poderia duplicar a quantidade de passageiros aéreos no Brasil até 2020, para um total de 200 milhões.
Franco disse neste mês à Bloomberg News que o governo provavelmente oferecerá R$ 1 bilhão (US$ 448 milhões) em subsídios para incentivar as companhias aéreas a expandirem suas redes de voos regionais.
“Estamos no melhor lugar porque temos o tipo certo de aeronave, sabemos como operá-las”, disse Neeleman. “Sabemos como operar nas cidades pequenas”.
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